terça-feira, 16 de dezembro de 2008

MERCADO DE AÇÕES

MERCADO DE AÇÕES PARA PRINCIPIANTES E PROFISSIONAIS

Mario Laertes Gusso, Consultor de mercado financeiro



Quem um dia falou que o mercado de ações não é para principiantes e sim para profissionais deve, nos dias de hoje, estar repensando tal afirmação.
Pra começar pensemos no seguinte: Existiriam profissionais se não existissem os principiantes, os novos empreendedores, os arrojados enfim os que acreditam no futuro?
Há pouco tempo atrás quando ligávamos o televisor, líamos os jornais, assistíamos a debates e palestras, batíamos de frente com figuras folclóricas, consideradas experts, com grande vivência nos assuntos. Em geral professores e mestres em assuntos com longos anos de carreira, experiência e . . . de idade.
Hoje é diferente. Mais e mais os jovens tomam frente, principalmente nas áreas de economia, administração, finanças e tecnológicas.
É fantástico ver e ouvi-los falar. Fazem-nos acreditar num mundo melhor. Não raros são os alunos que superaram os mestres e assim cada vez mais será.
Ontem ouvíamos ex-ministros darem suas opiniões e poucos eram os jovens que contestavam tais afirmações. Talvez por isso, por acreditarem nos deuses da sabedoria, que nosso país se encontra na situação que está. Longe de querer entrar nesse mérito. Mas com clareza vemos que os jovens também são capazes de expressar suas opiniões com lucidez e conhecimento de causa.
O mundo é de todos, dos mais aos menos experientes. Com a evolução tecnológica, se ficarmos parados a "carroça" passa por cima. Vai vencer quem melhor se preparar, quem estiver mais informado e souber o que o outro não sabe. Um come o outro, não existe respeito ao mais velho e vice-versa.
O mercado de ações está na cabeça de todos. É moda e não se trata apenas de um jogo como muitos costumam afirmar.
Temos que aprender a cada dia para não errarmos ou para quando errarmos que seja o menos possível.
Para que acertemos mais e erremos menos é que existem ferramentas a serem utilizadas em cada momento. Momento de comprar, de vender, de proteger e assim por diante.
É um trabalho emocionante e que, se o principiante ou profissional dedicarem estudo, atenção, tiverem arrojo, fizerem análises gráficas e de fundamentos adequadamente, obterão um resultado bastante satisfatório e de realização pessoal, podendo atingir percentuais de ganhos muito superiores às aplicações tradicionais de poupança e similares.
Enfim, o mercado de ações está aberto a todos sem limite de idade, é moda, é emocionante, é para corajosos, vibrantes e com visão futurista.
E que nunca nos esqueçamos: nenhum mestre nasceu sabendo tudo, ninguém sabe tudo, sempre temos algo a aprender, ninguém é profissional sem ter sido antes um principiante. O momento é agora, não foi ontem e não será amanhã.
Mas . . . que não se iludam os “aventureiros navegantes”, também nesse segmento: lucro fácil, retorno rápido, sorte e isenção de risco não são regras. Tudo pode acontecer. Tudo é possível, por isso a necessidade de preparo especial para o desafio.

Apresentador de TV é absolvido de crime de racismo

BRASÍLIA - O apresentador do programa SBT Verdade, João Rodrigues, foi absolvido na manhã desta terça-feira pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), depois de ter sido condenado a dois anos e quatro meses de prisão em regime aberto por ter ofendido, em 1999, a etnia indígena. Para o STJ, no entanto, não houve crime de racismo, mas exacerbação do pensamento a respeito da demarcação de terras em Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Segundo consta na peça de acusação, o apresentador teria ofendido a honra e incitado a discriminação contra grupos indígenas. Nos programas apresentados houve expressões do seguinte gênero: “os índios tomaram conta do aeroporto, os aviões não podem pousar porque, quando pousam, a flecha come”, ou “A indiada meio que dificulta o processo lá, né, trabalhar muito pouco, não são chegados ao serviço. (...) O índio tem terra, mas não planta, é mais fácil roubar, tomar de alguém que plantou e se dizer dono, depois que colhe abandona a fazenda e vão invadir outra.”

A decisão do STJ assinalou que não houve incitação ao racismo, já que não ficou evidente uma Vontade livre e consciente do apresentador de praticar ou induzir o preconceito ou discriminação racial. Os ministros entenderam que os comentários do apresentador revelaram apenas o seu posicionamento, a favor dos colonos.

Para o ministro Jorge Mussi, “para que o direito penal atue eficazmente na coibição às mais diversas formas de preconceito, é importante que os operadores do direito não se deixem influenciar pelo discurso politicamente correto que a questão racial envolve, tampouco pelo legítimo clamor da igualdade. Para ele, é de suma importância que o julgador trate do tema despido de qualquer pré-concepção ou de estigmas, de forma a não banalizar a violação de fundamento tão caro à humanidade, que é da dignidade da pessoa humana”.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Aborto ilegal é maior causa de morte materna em cidades pernambucanas
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da Agência Brasil
As conseqüências do aborto ilegal são a principal causa de morte materna em cidades pernambucanas como Petrolina. Em Recife, capital do Estado, elas aparecem em quarto lugar. É o que aponta o estudo Dossiê sobre a Realidade do Aborto Inseguro em Pernambuco: o Impacto da Ilegalidade do Abortamento na Saúde das Mulheres e nos Serviços de Saúde de Recife e Petrolina, divulgado nesta quarta-feira pelo CFemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria).
Números da Gerência de Saúde da Mulher, da Prefeitura de Recife, revelam que, em 2007, foram realizadas 1.835 internações para procedimentos obstétricos relacionados ao aborto em maternidades municipais. No mesmo período, foram internadas 2.442 mulheres para procedimentos de aborto em Recife.
Entre os anos de 2003 a 2007, aproximadamente 85% das internações obstétricas ocorridas em Pernambuco foram para assistência ao parto, das quais 19,7% foram cesáreas. O abortamento foi a causa de 9,7% das internações.
Dados da pesquisa apontam que o número de internações de mulheres de outros municípios provoca superlotação dos leitos nos hospitais em Recife e em Petrolina. Na maternidade Barros Lima, na capital pernambucana, 47% dos procedimentos são voltados para o atendimento de mulheres que moram em cidades vizinhas. Na maternidade Dom Malam, em Petrolina, são atendidas pacientes de 57 cidades não apenas de Pernambuco, mas também do Piauí, do Ceará e da Bahia.
O estudo cita pesquisa realizada pelo Instituto de Medicina Social do Rio de Janeiro, que registrou, em Pernambuco, uma taxa de abortos induzidos que varia de 30% a 70%, envolvendo mulheres de 15 anos a 44 anos.
A ilegalidade do aborto, segundo o CFemea, leva à subnotificação e ao sub-registro de informações relacionadas ao aborto no SUS (Sistema Único de Saúde) e contribui para o aumento dos riscos à saúde a à vida das mulheres que vivem em Pernambuco. A pesquisa aponta ainda que o tratamento das complicações do aborto inseguro tem impacto financeiro direto no SUS.
De acordo com o CFemea, a legislação brasileira permite a realização de aborto nos serviços de saúde quando a vida da mulher está em risco ou quando a gravidez é resultado de estupro. Mas dados do levantamento indicam que, muitas vezes, tais serviços não estão disponíveis, nem mesmo para os casos previstos em lei.
O estudo revela também que os grupos de mulheres são afetados de forma desigual em todo o país. Na década de 90, segundo o CFemea, a região Nordeste concentrava altas taxas de mortalidade materna por aborto inseguro. As disparidades sociais e econômicas, de acordo com o estudo, afetam o acesso aos serviços de atenção à saúde nos diferentes grupos étnicos e raciais brasileiros.
Dentre as recomendações feitas pelo CFemea à gestão do SUS estão equipar "urgentemente" com tecnologias e equipamentos de ultra-sonografia os serviços de saúde, elaborar e disseminar campanhas de difusão da prevenção e do tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes e também campanhas de informação sobre a contracepção de emergência.
Para a entidade, além disso, é preciso facilitar a compra de medicamentos de contracepção de emergência, para garantir a obtenção deles principalmente às maternidades e hospitais de pequeno porte e do interior.
Menina anencéfala morre com 1 ano e 8 meses em Franca (SP)
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Colaboração para a Folha Online
A menina Marcela de Jesus, de 1 ano e 8 meses, morreu na noite de sexta-feira (1º), em Franca (398 km de São Paulo). A criança, que nasceu sem o cérebro e surpreendeu os médicos pelo tempo de vida, sofreu uma parada cardíaca por volta das 22h.
De acordo com a pediatra de Marcela, Márcia Beani Barcellos, a menina estava bem na manhã de ontem, até a mãe perceber um problema respiratório após alimentar a criança, por meio de uma sonda. Encaminhada à Santa Casa de Patrocínio Paulista (411 km de São Paulo), os médicos detectaram que a criança tinha aspirado o leite, comprometendo o funcionamento de um dos pulmões.
No início da tarde, Marcela foi transferida à Santa Casa de Franca, onde foi encaminhada para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) para que pudesse respirar com a ajuda de aparelhos. Ela, porém, não resistiu e morreu ao lado dos pais e da pediatra que a acompanhava.
O enterro da menina ocorreu por volta das 17h deste sábado, em Patrocínio Paulista.
Para Humberto Leal Vieira, presidente da ONG Pró-Vida e Pró-Família, o tempo que Marcela viveu foi suficiente para provar que a "criança anencéfala, realmente, não está morta no ventre da mãe". Mesmo lamentando a morte de Marcela, Vieira salienta que os quase dois anos de vida da menina "foram suficientes para que recebesse o carinho dos pais".
Igreja Católica tem postura "radical" contra aborto de anecéfalo, diz CNBB
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GABRIELA GUERREIROda Folha Online, em Brasília
Em meio à expectativa sobre o julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) do processo que permite às mulheres interromper a gravidez de fetos anencéfalos (sem cérebros), a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) se manifestou nesta quinta-feira contrária ao aborto de fetos com má-formação. O secretário-geral da entidade, dom Dimas Lara Barbosa, disse que a Igreja Católica se posiciona de forma "radical" contra o aborto de fetos anencéfalos na defesa da vida humana.
"Para nós, independentemente do estado de saúde, a vida humana sempre deve ser preservada. A Igreja se mostra radical. A defesa da vida humana tem que ser garantida apesar do que possa se desenvolver depois. Quem vai definir o limite com que uma pessoa pode ou não nascer?", questionou o bispo.
O presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, disse que o objetivo da Igreja Católica não é "impor à sociedade pluralista" seus dogmas, mas lutar constantemente pela defesa da vida. "Isso é inegociável. Mesmo curta, a vida humana deve ser preservada", afirmou.
Dom Dimas disse que, se o STF autorizar o aborto de fetos anencéfalos, vai abrir brechas para que a prática seja legalizada no país. "Estamos diante de uma porta que, se for aberta, ninguém garante o que vem pela frente. Só Deus é autor da vida, só a ele cabe determinar o seu início e fim."
O bispo argumenta que existem "níveis" distintos de má-formação fetal, o que permite a um recém-nascido anencéfalo sobreviver por alguns anos --o que não justificaria a interrupção da gravidez. Dom Dimas defende que o governo federal amplie sua política de saúde pública, especialmente de assistência às mulheres gestantes, para reduzir o índice de má formação fetal no país.
Sobrevivente
Em nota oficial divulgada pelo Conselho Episcopal da CNBB, os bispos citam o exemplo da menina Marcela de Jesus Ferreira, morta em agosto deste ano depois de viver por um ano e oito meses --mesmo com o diagnóstico de anencefalia. "Marcela é um exemplo claro de que uma criança, mesmo com tal malformação, é um ser humano e, como tal, merecedor de atenção e respeito", diz a nota.
A entidade dos bispos afirma, ainda, que a Constituição brasileira prevê o "direito a vida" a todos os cidadãos, sem a discriminação dos anencéfalos. Dom Dimas lembrou que, no passado, mulheres e judeus acabaram exterminados antes do nascimento em conseqüência de visões "preconceituosas" das sociedades da época --comportamento que se repete, na opinião do bispo, quando se impede o nascimento de crianças com má formação.
Ministro do STF sugere julgamento técnico sobre aborto de anencéfalos
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LORENNA RODRIGUESda Folha Online, em Brasília
O ministro Marco Aurélio Mello disse nesta terça-feira que o julgamento sobre a antecipação do parto de fetos anencéfalos será feito "com base na Constituição". Mello é relator do processo no STF (Supremo Tribunal Federal) e comandou hoje a primeira de duas audiências públicas para discutir o tema. Nova audiência será feita na quinta-feira (28).
"O que nós vamos fazer é ouvir a sociedade e julgar a partir dos fatos. O Supremo está atento às diversas óticas, mas decidirá acima de tudo sob o ângulo constitucional", afirmou o ministro, após o encerramento da audiência.
Para o ministro, o julgamento da ação que pede a descriminalização do aborto em caso de anencefalia deverá ocorrer até novembro. Mello, porém, já sinalizou ser a favor da interrupção da gravidez nesses casos. Em 2004, ele concedeu liminar suspendendo os efeitos de artigos do Código Penal que caracterizam como crise o aborto em caso de anencefalia.
"Eu sinalizei muito convicto que pode-se imaginar que a interrupção da gravidez [em caso de anencefalia] é terapêutica, considerando o bem-estar da mulher", disse.
Opiniões
Na audiência, representantes de diversas entidades travaram um debate centrado principalmente em argumentos religiosos e científicos. Para o médico Rodolfo Nunes, representante da Sociedade Pró-Vida, o fato de as crianças com anencefalia conseguirem respirar e interagir com os pais indica que há vida e, portanto, o aborto seria um crime.
"A criança que está respirando certamente não está em morte encefálica", afirmou.Já o advogado Luís Roberto Barroso, que representa a CNTS (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde), autora da ação, diz que a continuidade da gravidez após o diagnóstico de anencefalia pode trazer riscos à mãe.
"Qualquer sofrimento inútil e inevitável viola o princípio da dignidade da pessoa humana", concluiu.

Guns N`Roses

Matéria da Billboard relata que Axl Rose, através de um advogado, acusou a empresa Dr. Pepper, que fabrica o refrigerante de mesmo nome, de não cumprir a promessa feita anteriormente, onde dizia que daria um refrigerante para cada cidadão norte-americano, caso o GUNS N' ROSES lançasse o "Chinese Democracy" neste ano de 2008.
O que ocorre é que, para ter direito ao refrigerante, era necessário acessar o site da empresa e pegar uma senha, mas este site teve problemas de congestionamento durante todo o dia em que estiveram disponíveis as tais senhas.
E mesmo com a empresa Dr. Pepper prorrogando o prazo e disponibilizando uma linha telefônica para novos cadastros, o advogado alega que a promoção “foi um desastre completo, que fraudou consumidores e, aos olhos de muitos fãs, arruinou o dia de lançamento do disco ‘Chinese Democracy’”, sem contar que, sob seu ponto de vista, a companhia de refrigerantes está se valendo indevidamente do nome GUNS N' ROSES para se promover.
Gutman ainda pediu para a empresa “o pagamento apropriado para nossos clientes pelo uso não autorizado e pelo abuso dos direitos de propriedade intelectual”.
O advogado quer que a empresa, para se retratar, publique anúncios de página inteira em jornais como “The New York Times” e “Wall Street Journal”, pedindo desculpas pelos transtornos causados.
Leia em nota do Blabbermouth, uma cópia da carta enviada pelos representantes do GUNS N´ROSES ao fabricante de refrigerantes Dr. Pepper.
Traduzido de: Billboard

Iron Maiden

Agora é oficial. O Iron Maiden confirmou por meio de seu site cinco apresentações em solo brasileiro no próximo mês de março.
As datas e locais podem ser conferidos abaixo:
12/03/09 (quinta-feira) - MANAUS, Sambódromo 14/03/09 (sábado) - RIO DE JANEIRO, Apoteose 15/03/09 (domingo) - SAO PAULO, Autódromo de Interlagos 18/03/09 (quarta-feira) - RECIFE, Estádio Municipal20/03/09 (sexta-feira) - BRASILIA, Brasilia Camping
Segundo o comunicado oficial: "Será a primeira vez que a banda se apresentará na bela cidade litorânea de Recife, na capital Brasília e em Manaus, cidade situada no coração da Floresta Amazônica, além de retornar ao Rio de Janeiro."
"Além disso, devido a enorme demanda por ingressos no último show feito em São Paulo, no começo do ano, com os 40 mil ingressos para o Estádio do Palmeiras se esgotando rapidamente, decidimos retornar à cidade, dessa vez num lugar muito maior, o famoso Autódromo de Interlagos, onde Lewis Hamilton sagrou-se campeão de Fórmula 1 no mês passado e onde o Kiss fez um grande concerto em 1999."

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Valor Econômico: Brasil, entre o crescimento e a crise americana(22/10/2008 - 11:57)

A análise da evolução econômica brasileira nos últimos dez anos revela a existência de dois diferentes padrões de crescimento. Entre 1997 e 2003, o regime foi nitidamente instável, com taxas reduzidas e bastante voláteis de crescimento do PIB. A economia esteve imersa numa dinâmica do tipo stop and go, muito perniciosa por seus efeitos negativos sobre a acumulação de capital fixo produtivo, que é a base do desenvolvimento econômico. A política econômica esteve focada na estabilidade financeira e de preços, mas sob o pressuposto equivocado de que o equilíbrio macrodinâmico lhes seria a resultante necessária. Trata-se da hipótese liberal e conservadora de que a política monetária deve cuidar apenas dos preços, pois não afetaria o PIB potencial no longo prazo. Desta forma seria capaz de bem pavimentar uma trajetória futura de crescimento econômico sustentado, pois taxas elevadas de juros simplesmente não importam para as decisões de investimento, já que a moeda é suposta neutra. Todavia, tal hipótese carece tanto de fundamento teórico consensual quanto de evidências empíricas satisfatórias. Disto decorre que, de um modo apenas aparentemente paradoxal, a política monetária contribuiu para manter baixa a inflação brasileira, mas à custa de igualmente baixas taxas de investimento produtivo. Do outro lado dos mercados, porém, as alocações de recursos não consumidos (poupança das empresas e das famílias) em ativos financeiros atingiam cifras enormes e inimagináveis no período pré-liberalização. Em 2006, por exemplo, o rendimento financeiro acumulado com a detenção desses ativos representava 57% da renda disponível bruta do Brasil. Os fluxos de juros recebidos e pagos pelo setor financeiro nacional atingiram, no período 1993-2006, as médias, respectivamente, de 29,7% e de 22,3%. Portanto, com taxas reais de juros extremamente elevadas pelos padrões internacionais, evidentemente a quase totalidade dessa poupança manteve-se (e ainda mantém-se) retida na circulação bancária e financeira. Isto significa que na economia brasileira não há propriamente problema de escassez de recursos para investimento produtivo, mas sim um problema clássico de composição de poupança, já que parte significativa da mesma está sendo “esterilizada” por aplicações de curto prazo desconectadas das atividades reais.
Mas, apesar das contradições que caracterizam essa estratégia que privilegia a acumulação rentista, um novo regime de crescimento pôde emergir no início de 2004, graças à conjunção de determinadas condições estruturais e conjunturais favoráveis: a) forte demanda internacional por commodities, desencadeada, principalmente, pela expansão da Ásia; b) redução das taxas básicas de juros Selic, a partir de 2005; c) os elevados ganhos de produtividade da indústria de transformação e os retornos crescentes de escala dinâmicos no segmento exportador deste setor, graças às novas bases técnicas produtivas; d) a existência do BNDES como agente promotor dos financiamentos de longo prazo; e) fortalecimento do mercado interno através da recuperação do poder aquisitivo do salário mínimo, dos salários em geral e dos programas de transferência de renda; e f) os efeitos contraditórios da apreciação cambial, que promove tanto a importação de bens de consumo quanto a de bens de capital de última geração, necessários à atualização das plantas industriais. Em outros termos, enquanto as taxas de juros elevavam sobremaneira o custo de uso do estoque de capital fixo produtivo do país, o câmbio apreciado, coeteris paribus todos os outros efeitos perversos, podia atuar em sentido contrário.
Desta vez, o regime de crescimento econômico beneficia-se de uma maior taxa de acumulação de capital fixo produtivo, o que implica crescimento do PIB potencial também a taxas mais altas. Além disso, como destacam Bansak, Morin e Starr, em um estudo de 2004, as mudanças nas relações entre tecnologia e o nível de utilização da capacidade instalada podem implicar mudanças nas relações entre este último e a inflação. Para um dado nível de utilização da capacidade, o grau de pressão inflacionária pode então ser menor do que o observado no passado. O ponto central é que, ao tornarem as estruturas de oferta mais flexíveis, as novas tecnologias permitem respostas mais rápidas às pressões de demanda, sem necessariamente suscitar ou realimentar uma eventual espiral salários-preços. Neste contexto, as considerações sobre possíveis limites de capacidade com base apenas no Nuci podem conduzir a um excessivo conservadorismo na gestão monetária. Vale lembrar que o custo unitário do trabalho na indústria (definido como o diferencial entre os aumentos reais de salário e os ganhos de produtividade) está em queda há mais de dois anos. As pressões advindas dos preços dos serviços e dos produtos agropecuários podem ser também atenuadas, visto que a indústria continua sendo, em qualquer economia capitalista moderna, a principal fornecedora dos insumos fundamentais para esses setores.
Mas o atual regime de crescimento não tem apenas virtudes. Tem também seus próprios handicaps, pois ele é portador das grandes contradições veiculadas por uma aplicação deliberada e institucionalizada da hipótese de neutralidade da moeda e por uma apreensão da inflação que, não importa qual origem, é sempre assimilada a uma inflação de demanda. Como conseqüência direta, a acumulação de capital fixo produtivo (e conseqüentemente o produto potencial) expande-se quando as expectativas do mercado financeiro são otimistas. Quando não o são, as expectativas de investimento dos outros setores são contaminadas pelo “fantasma” da alta inflação, pelos riscos de depreciação cambial ou por outros atributos derivados de avaliações subjetivas dos detentores de capital e dos gestores de carteira. No contexto da presente crise americana, essas contradições tendem a se agravar, revelando os pontos fracos do atual regime de crescimento subordinado à acumulação patrimonial e às finanças liberalizadas. Um dado fundamental refere-se à tendência de depreciação da taxa de câmbio, pois não é prudente apostar nas vantagens auto-equilibrantes do regime flutuante postulando-se que este sempre a trará de volta ao nível de normalidade para os negócios. Para garantir a continuidade dos investimentos produtivos, deve-se assegurar um nível mínimo de previsibilidade do câmbio e a sustentabilidade da demanda efetiva. Como mecanismo de defesa contra a “endogeneização” definitiva da crise americana pela economia nacional, o governo deveria promover mudanças institucionais que permitissem reduções economicamente significativas e duráveis das taxas de juros e da carga tributária. Como nos EUA, também aqui o Estado será requisitado para cumprir, de forma ativa, seu papel de socializador dos custos da estabilidade financeira e macroeconômica, bem como dos prejuízos implícitos e explícitos da desregulamentação neoliberal que lastreou nossa forma específica de adesão à globalização. Uma possível saída poderá ser pelo caminho do mercado interno, com o resgate do papel determinante da indústria no desenvolvimento econômico das nações. Foi assim também na saída da grande crise dos anos 30.
Miguel Bruno é coordenador do Grupo de Análise e Projeções da Diretoria de macroeconomia do Ipea e professor
ARTIGO
Reservas escassas de recursos podem travar expansão global
Estoques baixos indicam que era das commodities baratas acabou para sempre
PAUL KRUGMANDO “NEW YORK TIMES”
NOVE ANOS atrás, a “Economist” publicou grande reportagem sobre o petróleo, que na época era vendido por US$ 10 o barril. A revista avisou que essa situação poderia não durar muito tempo. Sugeriu que, em lugar disso, o preço poderia cair para US$ 5.De qualquer maneira, disse a revista, o mundo “está diante da perspectiva de petróleo em abundância e a preço baixo durante o futuro previsível”.Na semana passada, o preço do barril chegou a US$ 117. Não se trata só de dizer que o petróleo desmentiu a complacência de alguns anos atrás. Os preços dos alimentos também subiram, assim como os de metais básicos. E o aumento mundial nos preços dos commodities está trazendo de volta pergunta que não ouvíamos com freqüência desde os anos 1970: as reservas limitadas de recursos naturais vão representar um obstáculo ao crescimento econômico futuro do mundo?A resposta que se dá a essa pergunta depende em grande medida do que se acredita que esteja motivando a alta nos preços dos recursos. Há três pontos de vista distintos sobre isso.O primeiro diz que a razão principal é a especulação: que os investidores, interessados em obter retornos altos num período de juros baixos, investiram pesado em futuros de commodities, gerando alta nos preços. Segundo essa visão, a bolha deve se romper em algum momento não distante.A segunda explicação é que os preços crescentes dos recursos devem-se a questões fundamentais -especialmente à demanda dos chineses-, mas que, com o tempo, vamos perfurar mais poços, plantar mais hectares, e o aumento da oferta reduzirá os preços outra vez.O terceiro ponto de vista reza que a era das commodities baratas acabou para sempre -que estão se esgotando o petróleo, a terra na qual ampliar a produção de alimentos e, de modo geral, as reservas exploráveis do planeta.Minha opinião fica em algum lugar entre a segunda e a terceira explicações. Algumas pessoas inteligentes -entre as quais George Soros- pensam que vivemos uma bolha de commodities. A objeção que faço a esse argumento é: onde estão os estoques?Normalmente, a especulação empurra os preços dos commodities para cima, motivando o armazenamento deles. Mas não se vêem sinais desse armazenamento: os estoques de alimentos e metais encontram-se em seus níveis historicamente mais baixos e os de petróleo estão apenas normais.O melhor argumento em defesa da segunda explicação, a de que o arrocho dos commodities é real, mas temporário, está na semelhança entre o que estamos vendo hoje e a crise dos recursos vivida nos anos 1970.O que os americanos mais recordam sobre a década de 1970 são a alta dos preços do petróleo e as filas nos postos de combustíveis. Mas também houve grave crise global de alimentos, que provocou dor nas filas dos caixas dos supermercados e ajudou a causar períodos devastadores de fome generalizada em países mais pobres.Olhando em retrospectiva, o boom de commodities de 1972-75 foi provavelmente fruto do rápido crescimento mundial, que superou a oferta, aliado aos efeitos de problemas climáticos e do conflito do Oriente Médio. O período difícil chegou ao fim, novas extensões de terra começaram a ser cultivadas, fontes de petróleo foram encontradas no golfo do México e no mar do Norte, e os recursos voltaram a custar pouco.Desta vez, porém, pode ser diferente. As preocupações sobre o que acontece quando uma economia global em constante crescimento se choca com os limites de um planeta finito soam mais próximas da verdade hoje do que nos anos 1970.Para começar, não prevejo que o crescimento da China vá diminuir no futuro próximo. É um contraste grande com o que aconteceu nos anos 1970, quando o crescimento no Japão e na Europa, os emergentes da época, diminuiu, aliviando a pressão sobre os recursos.Enquanto isso, está se tornando mais difícil encontrar recursos. As grandes descobertas petrolíferas, em especial, passaram a ser poucas e raras.E o mau tempo que prejudica a produção agrícola desta vez está começando a configurar-se como algo mais fundamental e permanente que o El Niño e La Niña, que prejudicaram as plantações 35 anos atrás. A Austrália passa pelo décimo ano de estiagem que, cada vez mais, parece constituir-se numa manifestação de mudanças climáticas de longo prazo.Suponhamos que estejamos de fato topando com os limites do planeta. O que isso significa?Mesmo que se verifique que de fato chegamos ao pico da produção petrolífera mundial, ou quase, isso não quer dizer que um dia digamos “oh, meu Deus! O petróleo acaba de se esgotar!” e assistamos à civilização desabar em anarquia ao estilo “Mad Max”.Mas os países ricos vão enfrentar a pressão constante da alta dos preços das commodities sobre suas economias, dificultando a elevação de seu padrão de vida. E alguns países pobres passarão a viver perigosamente perto do abismo -ou cairão nele.Não olhe agora, mas é possível que os bons tempos tenham ficado para trás.
PAUL KRUGMAN , economista, é colunista do “New York Times” e professor na Universidade Princeton (EUA).
Tradução de CLARA ALLAIN